A OBRA
Por José Alonso Tôrres Freire
Como um estranho operário,
todos absortos de minha obra,
tento reconstituir-te,
sentido a sentido,
percorrendo, como louco,
a imagem apreendida.
Mas os sentidos rebeldes
– ou branca imagem fugitiva –
diluem minhas mãos
em sua complexa teia tênue.
Há, contudo, que refazer, paciente,
a obra, o palácio, a prisão:
haverá matéria prima tanta
para tão voraz construção?