CANINDÉ
(Michele Eduarda Brasil de Sá)
Barulhada
Mesmo na terra
Nublada
Tem pôr-do-sol
Na retina da ave
Circundam-na
Rios negros
Sulcos profundos
De um tempo que não tem fim
Arara, arari, araraí
Arara ri
Asa amarelazul
Feita de céu e de sol
Enche-me a tarde de cor
Ainda que cinza esteja
O meu coração.
(Poema classificado em 8o. lugar na 31a. Noite da Poesia – União Brasileira de
Escritores em Mato Grosso do Sul, 2019.)
POEMINHA DE NATAL
(Michele Eduarda Brasil de Sá)
Todo fim de ano
a despeito da incerteza,
das guerras, da fome,
da lama e do fogo
que a tudo consome,
a despeito da vileza
das mentiras pensadas,
finas feito dardos,
das brigas e ofensas,
dos sonhos usurpados,
a despeito de dizerem
que Ele não é Ele,
que nem nasceu em dezembro,
que a esperança é uma loucura,
todo fim de ano
– todo, todo, todo –
na estrebaria escura,
já vindo peregrino,
nasce
Jesus menino.
(https://litterapulsa.wordpress.com/2019/12/24/poeminha-de-natal/)
LUAR DA AMAZÔNIA
(Michele Eduarda Brasil de Sá)
Tudo para pra ver,
Pairando, a pura, alta e branca
Senhora do firmamento.
Nada te suplico, ó dômina,
Senão olhar para ti
No calor da noite ampla,
No amplexo de um halo rútilo
Que me conserva cativo,
No teu semblante elegíaco
Que de repente me lança
Todo pra dentro de mim.